Então, depois de esperar um tempão por um domínio que eu tinha decidi não esperar mais e criei outro. Agora os novos posts serão publicados no novo endereço: http://fernandopedro.org.
Os antigos já estão lá.
Um goiano no Timor Leste
vou tentar relatar a minha vida no Timor Leste
domingo, 27 de maio de 2012
terça-feira, 8 de maio de 2012
Férias (parte 1)
Então, eis que chega as 'férias'.Entre aspas porque consultor não tem férias, tem que entregar otrabalho acertado não importa se o mundo está acabando ou se vocêestá de férias.
Férias mais que especiais. Nela fuipra Tailândia conhecer Bangkok e Phuket e também para Bali naIndonésia. Ah e o melhor de tudo: reencontrar a esposa, que estavavindo do Brasil, em Bangkok.
Chega de conversinha e vamos aos fatos.
Dia 20/12/2011 saio de Dili e vou paraBali. A esposa sai do Brasil para Bangkok com escala em Istambul.
Até ela sair do Brasil eu ainda estavaem Dili e fomos mantendo contato via skype, viber, whatsapp eimessage. Saiu de Goiânia e foi pra Guarulhos. Tudo de boa. Tirandoo frio na barriga. Aí ela embarca para Istambul. Um pouco depois euembarco para Bali em uma parada de 1 dia para pegar o vôo paraBangkok.
Chego em Bali e vamos para o MasaInnhotel. Hotel BBB (bão, bonito e barato). Organizamos as coisas eficamos de bobeira na piscina. Depois jantamos em um restaurantecubano. Voltamos pra piscina e somos surpreendidos com um casamento,ao lado da piscina, no estilo balinês. Muito legal e bonito. Até amúsica no começo é legal, mas é repetiviva demais e com 2 minutosjá não aguenta mais ouvir (tenho vídeos, só não vou upar com essa internet daqui). Mas nada disso é importante, já queeu só pensava no trenzim viajando sozinha por esse mundão vei semporteira.
Procuro os sites que mostram os vôosao vivo. Fala e mostra no mapa onde determinado vôo está. Algumaconfusão com o número do vôo dela e encontramos. Está próximo deIstambul e deve chegar em 1 hora no máximo.
Já a noite, na volta do restaurante, aturma vai fazer massagem e eu vou para o quarto tentar contato com otrenzim, já que ela deveria estar aterrizando em Istambul poraquelas horas. Tento skype, viber, whatsapp e imessage e nada. Ojeito é ligar pro telefone normal e pagar os custos do deslocamentointernacional (caro, muito caro!).
PQP ela atende já dizendoque não estava conseguindo passar pelo controle do passaporte. Eu jáme desespero. Tento falar algo para acalmá-la. Mas acho que nãoconsegui. Falo que ela tem que passar mas ela não consegue. Chamo osamigos para ajudar (já que minha excelente memória não me permitelembrar dos procedimentos que fiz em Joanesburgo e Cingapura quando vim para oTimor Leste). Todos tentam. Desligamos o telefone para ela tentarnovamente. Depois de 10 minutos eis que ligamos e ela tinhaconseguido passar pelo controle de passaportes. Todos comemoram!
Aí depois foi tentar relaxar econversar com ela até as 6 da madrugada quando ela embarcarianovamente com destino a Bangkok. Meu vôo sairia as 10. Vou chegar 1hora depois dela em Bangkok. Queria era chegar antes pra já estar láesperando ela, mas não tinha outro horário de vôo. E, pra piorarum pouco, a AirAsia atrasa em quase 1 hora a saída do meu vôoporque eles estão conferindo os passageiros dos vôos manualmente.MERDA!
Chego em Bangkok. Todo o planejamentoque tinha feito de usar o Skype Wifi vai pro lixo pois as redes nãoestão conectando. O telefone dela até funciona aceitando ligações,mas o outro aparelho do Carlos que poderia fazer ligação fora doTimor está na mala despachada. Telefone público aceita cartão, masnão está dando certo. PQP!
Eu já tremo de ansiedade pra ver seela está lá, se deu tudo certo. A fila da imigração estágigantesca. Mas já dá pra ver as esteiras das malas. Começo aandar pra lá e pra cá procurando ela. Nada.
Passamos pela imigração e procuro porquase uns 30 minutos em TODA a área das esteiras. Tem que procurarbem, pois depois que sair daqui não tem como entrar de novo. Todomundo ajuda procurar. NADA. Vamos sair e seja o que murphy quiser.
Saímos. Vou para o lado esquerdo e oCarlos para o lado direito. Cadê a maldita árvore de natal (plano Bcaso o plano dependente da tecnologia falhasse como falhou)? Nãoacho nada. O Carlos também não. Agora eu vou pro lado direito e oCarlos pro esquerdo. Uma segunda olhada para garantir.
De repente vejo a árvore de natal. Meucoração acelera. Cade ela? Não to vendo. MERDA. Vou passar no meiodos bancos pois tem alguns que estão de costas. Dou mais algunspassos e antes de chegar nos bancos ela me vê e se levanta. Aí meuamigo é chorar e comemorar. Deu tudo certo. PQP. Aquela emoção,adrenalina, medo, etc foi pro saco lacrimal e virou lágrimas.
Beija, abraça, beija, abraça (loopquase infinito) mas temos que voltar pra onde os amigos estão. Todoscomemoram! Ihuuu. Bora pras merecidas férias.
Pegamos uma van para o hotel. Hotelmassa pra caral**. Ficamos hospedados no 42º andar. Mais ou menos nametade. O restaurante era no 82º. O lobby no 18º. Pensa num tremalto sô.
Vamos descansar porque precisamos. Operrengue foi grande. A noite vamos jantar no restaurante do hotel.No andar de baixo ou de cima (não lembro :P) tem uma mostra comalguns itens da cultura tailandesa. Muito legal.
No outro dia começa as merdas. Eu jásaí de Dili meio que sarando de uma gripe de duas semanas. Mas, comofumante que sou, vivendo quase 24 horas no ar-condicionado a tosseainda tava forte e seca. Então já acordo meio com febre mas souturista, to pagando e bora pra rua conhecer/gastar.
Vamos pra um shopping e já compramossim cards para os smartphones. Temos 3G e um número na Tailândia(eu só usei o 3G). Aí batemos pernas pra procurar as ofertastentadoras prometidas pela Tailândia. Almoçamos numa pizzaria. Ebatemos pernas. Eu vou ficando cada vez pior. Já no período datarde eu não estou me aguentando. Com muita febre, corpo muito ruimpeço arrego e quero ir para o hotel. Paramos no McDonalds, fazemosum lanche rápido e pegamos um taxi para o hotel. Não comprei nada.
Cama, remédios e dormir. Nem ligo oar. Estou com muito frio. Fico o resto do dia deitado. A noitetambém. Sério, acho que só passei tão mal quando tive dengue emGoiânia. E acho que esse foi o meu maior medo. Estar com dengue emplena viagem e na Tailândia. No outro dia tento ser herói e sair.Ainda com um pouco de febre. Desde a hora que voltamos do shopping nodia anterior estou sem fumar. Fiquei 3 dias inteiros sem fumar e nemsenti vontade. Mas só durou enquanto estava passando muito mal. Noprimeiro sinal de melhora já voltei a fumar.
Aí no dia 23/12/2011 fomos fazer osprogramas de turistas mesmo. Pegamos a van que nos levaria para ospasseios. Só nós 6 dentro da van. Muito espaço. Excelente pois otrânsito da Tailândia é algo de que São Paulo ficaria com inveja.A vantagem é que quando pega uma via expressa o trânsito flui muitobem. Rodamos uma hora e meia para chegar no mercado flutuante.Passeio de uma hora pelos canais de água muito suja. É, digamos,interessante. Já compramos algumas lembranças.
Depois do mercado flutuante o motoristanos leva para almoçar. Depois do almoço (não tirei fotos) queestava bom (não posso falar muito pois ainda estava meio passandomal, sem apetite e sem sentir os gostos direito) o motorista nosconvence a ir andar nos elefantes. Outro passeio interessante. Só.
Aí depois dos elefantes tome estrada.3 horas depois chegamos no Tiger Temple. Esse é o que mais me gerouexpectativas. Só que já chegamos bem tarde. Conseguimos ver ostigres e tirar fotos. Como tava acabando o tempo deixei a esposa irtirar fotos sozinha. Se eu fosse não daria tempo.
Aí depois hotel e cama de novo. E tomeremédio. A noite a turma sai para conhecer a noite e as famosasbolinhas de ping-pong. Eu não consigo sair e fico de cama. Pensanuma raiva. Affff
Aí, já no dia 24, consigo voltar aoshopping para comprar. Comprei roupas e um cartão de memória para acâmera, já que o meu estava dando problemas desde o dia que fui praJaco Island. E na Tailândia ele deixou de funcionar de vez. Pelomenos consegui ler ele no note depois e não perdi as fotos.
Na noite de natal vamos ver oespetáculo Siam Niramite. Simplismente foda. Muito massa aapresentação contando a história da Tailândia e as representaçõesdo inferno. Muito legal. Depois da apresentação a turma vai praboate e eu pro hotel. Ainda estou ruim.
Dia 25 foi o dia de ir conhecer ostemplos mas devido as enchentes estavam quase todos fechados, menos otemplo do buda deitado. Essa foi outra atração que me deixou dequeixo caído. O buda deitado (46 metros de comprimento) realmente émuito grande. Mas nem foi ele que me chamou mais a atenção. Otemplo todo é cheio de esculturas. Vários templos menores dentro.Tudo muito bonito.
Encerramos o dia na margem do rio ChaoPhraya (que estava bem cheio) com um pôr-do-sol muito bonito e vendoo templo Wat Arum, do outro lado do rio, que estava fechado.
Aí foi uma novela pra conseguir pegarum taxi de volta pro hotel. Quando achava um que topava encarar otrânsito pra chegar no hotel (que, apesar de perto, demorou quase 1hora) o que ele cobrava era um assalto. No final das contas nãotivemos como escapar do assalto consentido.
Vou dormir mais ainda hehehe. Dia 26 éo dia de ir rumo a Phuket, mas não sem antes ir em outro shoppinggastar. Aí compro um roteador dlink 615 wireless por $20, 2 pendrive de 8GB cada por $18 e um air pra patroa. Fui pensando que elairia querer o de 11' e, consequentemente, mais barato e quando ela vêo de 13' ela já dá o choque e diz que quer esse. Me fodi. Masenfim, presente dado e ela esta gostando muito do mac os. E eu cominveja da leveza do air. To achando o meu tão gordo (deve ser porquelembro que sou gordo).
A tarde vamos pro aeroporto de metrô,mais rápido e mais barato. Só que tinha que andar algumas quadrasdo hotel até a estação carregando as malas. Então o gordo aquisofreu mais um pouco.
Ao embarcar já começo a torcer prazica ficar em Bangkok. Não aproveitei nem a metade do que tinhaplanejado por causa dessa maldita febre. Ela tinha que ficar emBangkok.
No próximo post: Phuket! (o melhor da viagem)
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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Matadouro
Enquanto os posts sobre a viagem para a
Tailândia não ficam prontos (sim, serão mais de dois) vou contar a
experiência surreal que passei no último final de semana
(04/02/2012).
Existe as seguintes opções para
comprar carne aqui no Timor Leste: supermercados (carnes australianas
e neozelandesas) e feiras que são as carnes de vacas/bois/karaus
abatidas por aqui. E lógico que este último é mais barato. Ah e
esqueça a picanha, o contra-filé, alcatra, cupim (DESESPERO) etc.
Elas até existem, mas está no meio de algum outro pedaço dos
cortes australianos. Mas até que se consegue carnes boas por um
preço salgado. Ex: dois bifes grossos por $6. E agora que estou
almoçando em casa não dá pra comer carne a vontade. A não ser
frango. Tenho comprado 4 coxas de frango por $1.4.
Então, no meio da semana passada o
Junior Sem Acento manda um e-mail para mim e para o Carlos com um pdf
em anexo com os desenhos dos cortes australianos e dos brasileiros
juntos. PQP. Vamos comprar carne (lá no matadouro) de boi e com o
corte pelo menos parecido com o que somos acostumados já que temos o
pdf e vamos pedir para cortar do jeito que queremos. FESTA.
CHURRASCO. Aham, senta lá Cláudia.
É, primeiro temos que acordar as 3:40
da madrugada de sábado. Isso depois de tomar cerveja até 1:30 da
madrugada. Nos encontramos todos na casa do Carlos e vamos. Chegamos
por volta das 4:30. Estrutura? Pra que? É tipo um galpão pequeno,
construído com cimento, mas esse já não existia, só sobrava os
ferrolhos das pilastras e as escoras de madeira. Olhava para aquilo e
esperava que caísse a qualquer momento.
Assim que nos aproximamos um fedor. Mas
pensa num fedor de chiqueiro com carniça? Pois é. Como aqui não
tem rede de esgoto e este ou é a céu aberto nas valas ou é fossa
séptica, e o matadouro não tem estrutura, o sangue é jogado na
vala. Os restos devem ser jogados ali por perto mesmo, já que
cachorros e porcos também ficam rondando.
Perguntamos ao mao (rapaz em
tétum) que horas vai começar o abate. Ele diz que daqui uns 30
minutos. E volta a lavar o chão com uma bacia e com a água de um
tonel. Ah sim, já falei que aqui também não tem água encanada né
:(. O chão que ele lava é um pequeno quadrado de cimento queimado
de 3x3 metros aproximadamente. Ao lado, onde estão os karaus e os
bois, é de chão batido. E estes ficam ali amarrados e comendo capim
e vendo tudo.
Os minutos passam e começam a chegar
mais homens, cada um com sua faca. Aí um papo de você é
brasileiro. Ronaldo pra cá. Kaka pra lá. E assim caminha a
humanidade. Depois de chegar uns 4 eles começam os trabalhos. Um
deles deita no monte de capim e os outros amarram e puxam um karau
novo magro (tipo um bezerro quase boi) para a área do cimento.
Amarram o focinho dele no chão, uma pata traseira numa das
pilastras(?) e outro fica segurando uma pata dianteira com uma corda.
Isso tudo para ele não se mexer.
Eu lá esperando eles aparecerem com um
machado ou uma espingarda (que é o jeito que já vi matar boi). Que
nada. Uma faca normal (só que muito afiada) na garganta do bicho e
pronto. Morre degolado e esgotado. Esse foi o primeiro. Filmei.
Depois do susto. Vou fumar um cigarro.
Juntando a cena com o mau cheiro meu estômago embrulha. Uma
respirada mais funda e estou pronto pra outra. Arrastam o karau já
morto (de vez em quando ainda dava uma tremida ou uma esticada) para
um canto. Jogam mais um pouco de água pra tirar o sangue e já
trazem o segundo. A cena se repete. Este eu não filmo.
Aí partem para o terceiro, que depois
descobrimos ser terceira. Consigo filmar. Tudo bem que foi a câmera
do iphone e ela, a noite, é a mesma coisa que nada né.
Começam a abrir para descarnar.
Primeira providência é arrancar as patas e depois os testículos e
pênis dos machos. A gente ali olhando. Todo mundo trabalhando. Chega
um casal e um senhor para comprar carne também.
Vão cortando os pedaços de carne (não
obedecendo nenhum tipo de corte específico) e os pedaços tirados
vão sendo jogado ali do lado, no chão mesmo. Arrasta pra cá. Chuta
pra lá (as carnes). Decidimos ir olhar mais de perto pra ver se
conseguimos identificar algo conhecido. Nada. Só pedaços de carne a
esmo.
De repente uma água começa a sair do
bucho da karau. Pensamos: 'vixe, furou a bexiga. Esta carne não vai
prestar'. É, antes fosse isso. Neste momento o mao abre de vez
aquela bolsa grande e sai um feto de karau. Bem formado mas ainda
muito pequeno. Aí meu amigo eu já tinha perdido as esperanças.
Pegamos um pedaço de carne lá que
parecia mais bonito e vamos embora. Passamos na padaria (até agora a
única que sei que funciona de madrugada, já procurei outras e aqui
perto de casa tem uma que abre depois das 8:00 o.O ). Compramos um
pão timorense quentinho. E pensa num pão bom.
Brincamos que íamos ficar uma semana
só na sopa depois de ver a cena e tal. Voltamos cada um pra sua casa
e vamos dormir. Acordo ao meio-dia. Mais a tarde vamos pra casa do
Carlos cortar, limpar e separar a carne (lógico que isso tudo
acompanhado de uma bintang gelada). Enquanto a Giselle e o Junior vão
limpando a carne a gente vai conversando e bebendo. De 15kg comprados
sobraram 10kg depois de limpar.
Fritam um pedaço. A carne tem um gosto
forte e é dura. Cozinham um pedaço. Continua dura. Não sei se pela
cena que presenciei mas não gostei de seu gosto forte. Enfim,
desisto de ficar com a minha parte.
Ah, o kg saiu por $6. Mas acho que não
compensa acordar de madrugada. Se fosse um boi, com uma picanha,
cupim, contra-filé e costela eu iria fácil. Mas o karau é uma
mistura (eu acho) de boi com búfalo, pouquíssima gordura e gosto
forte.
Ah sim, passei o domingo e a segunda
com um diarréia muito forte. Mas não imagino que seja a carne, já
que foi só eu. O mais provável causador dessa diarréia é a
bintang que foi meio exagerada.
E vamos ter fé (na minha memória)
para acabar de escrever os posts sobre a viagem para a Tailândia
(Bangkok e Phuket) e pra Indonésia (Bali).
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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
A realidade nua e crua
O trânsito no Timor Leste, como falei anteriormente, é um caos. Na Ásia em geral é assim, pelo menos é o que ouço e leio e o youtube esta aí pra comprovar. As vezes até existem as leis de trânsito, mas não existe fiscalização e muito menos, por parte da população local, bom senso.
Esta semana (domingo 04/11/2011) aconteceu um acidente em que um malae, em que uma toyota prada bateu de frente em uma moto. Em uma das principais avenidas da cidade de Dili. Uma das principais rotas para o aeroporto. Neste trecho (bairro de Comoro) acontecem várias merdas.
Pelo que consta até agora o malae estava na contra-mão, ou seja, errado. A moto transportava três pessoas: um adulto e duas crianças, errado também. Uma das crianças morreu na hora. O adulto e a outra criança tiveram ferimentos graves e estão no hospital.
Pois bem. Vendo o jeito em que se comportam no trânsito imagino o seguinte: o pai estava de capacete (daqueles com a frente toda aberta) mas sem afivelar. E as duas crianças sem capacete. Sendo uma na frente do pai e a outra atrás na garupa. Não sei se estava assim, mas 99,9% das vezes em que se tem mais de uma pessoa na moto (e isso é muito mais comum do que se imagina) é essa a configuração.
Ok, mais um acidente de trânsito e a justiça vai resolver né? Que nada. O malae até tentou prestar socorro, mas teve que correr para dentro de uma lojinha pois começaram a apedrejar ele e o carro. Danificaram bastante o carro, a loja e a casa (de um timorense) onde ele se refugiou. Isso tudo de frente ao palácio presidencial. Este malae só saiu de lá escoltado pela PNTL (Polícia Nacional do Timor Leste) e pela GNR (Guarda Nacional Republicana - polícia de Portugal e a mais temida). E mesmo assim com tiros para o alto!
Esse comportamento nada civilizado é ainda agravado. Nos dias que se seguem malaes tem seus veículos atingidos por pedras quando passam por este local. Ao ponto de ser recomendado que mudemos de rota para se alcançar o outro lado da cidade.
E ainda piora! Nos noticiários (e nos comentários nas ruas também) o que se vê é: o malae tem que pagar alguma compensação financeira. Tipo uma indenização. Mas é somente sobre isso que se fala! Já não ligam mais para a criança que morreu (pelo menos essa é a impressão). E o valor fica por volta de US$ 5000.00! Tudo que envolve algo ruim com algum malae é somente a compensação financeira que interessa à eles.
Tudo nisso surpreende pelo surrealismo. A reação inicial ainda torna-se tolerável pelo choque, pela dor. Mas o resto não tem explicação. O apedrejamento dos carros. O pedido de compensação financeira.
Agora, o que ninguém daqui fala é que: tinham três pessoas na moto. Provavelmente sem capacete. Na rua não existe sinalização. Não existe fiscalização. As autoridades não falam em sinalizar a via. Em recolher veículos ilegais. A contra-mão é onde você e os outros motoristas, que estão lá, acham que é. Se estão estacionados (quando não param no meio da rua) e vão sair, foda-se quem vem atrás, a preferência é deste que estava estacionado. Ou você desvia, ou para ou então bate.
Não existe fiscalização de nada. Os táxis são todos velhos (por fora enganam muito bem) e muitos não tem habilitação e nem condições de circular. Os biz (ou seria bis?) (ônibus de viagem) carregam gente no teto, atrás, dependurado, etc. Acontece acidente e morre muitos de uma vez. Tem uns caminhões também que transportam gente. A poucas semanas um desses desceu uma ribanceira. Parece que morreu mais de 7. O resto conseguiu pular antes da merda maior. As mikrolet's sempre com gente despendurada. As motos caindo aos pedaços ou tunadas: sem farol, sem retrovisor e com pneu tão fino quanto de uma bicicleta. Segundo eles o retrovisor é muito feito.
Não estou defendendo o malae, até porque, até agora, foi ele quem causou o acidente.
Mas hoje saiu uma conversa de que os acidentes são provocados somente por malae. Não, não são provocados SÓ por malae. Sim, malae corre, malae se envolve em acidente, malae faz barbeiragem. Mas para eles somente os malaes são irresponsáveis. Isso é papo para tentar desestabilizar, jogar os timorenses contra os malaes.
Vou parar por aqui pois outras histórias (ou seriam estórias?), ainda mais escabrosas, que já ouvi não merecem divulgação.
Se eu não encontrava bom senso e civilidade no Brasil não vai ser aqui que vou achar.
Eu me seguro muito para não falar das mazelas daqui pois, como qualquer lugar do mundo, elas existem. Outras mais absurdas, outras menos absurdas. Temos que levar em consideração também que é um país muito novo, com democracia recente, que foram bastantes oprimidos e tal. Que falta infra-estrutura geral e que eles tem sua cultura particular. Mas me incomoda, igual me incomodava no Brasil, a falta de civilidade.
Pronto, desabafo feito bora tocar a vida pois a maioria deles são legais e respeitosos, pelo menos os que eu convivo.
Esta semana (domingo 04/11/2011) aconteceu um acidente em que um malae, em que uma toyota prada bateu de frente em uma moto. Em uma das principais avenidas da cidade de Dili. Uma das principais rotas para o aeroporto. Neste trecho (bairro de Comoro) acontecem várias merdas.
A avenida quase de frente o palácio presidencial e um exemplo de mikrolet. |
Pois bem. Vendo o jeito em que se comportam no trânsito imagino o seguinte: o pai estava de capacete (daqueles com a frente toda aberta) mas sem afivelar. E as duas crianças sem capacete. Sendo uma na frente do pai e a outra atrás na garupa. Não sei se estava assim, mas 99,9% das vezes em que se tem mais de uma pessoa na moto (e isso é muito mais comum do que se imagina) é essa a configuração.
A direita na foto um exemplo |
Outro exemplo |
Esse comportamento nada civilizado é ainda agravado. Nos dias que se seguem malaes tem seus veículos atingidos por pedras quando passam por este local. Ao ponto de ser recomendado que mudemos de rota para se alcançar o outro lado da cidade.
E ainda piora! Nos noticiários (e nos comentários nas ruas também) o que se vê é: o malae tem que pagar alguma compensação financeira. Tipo uma indenização. Mas é somente sobre isso que se fala! Já não ligam mais para a criança que morreu (pelo menos essa é a impressão). E o valor fica por volta de US$ 5000.00! Tudo que envolve algo ruim com algum malae é somente a compensação financeira que interessa à eles.
Tudo nisso surpreende pelo surrealismo. A reação inicial ainda torna-se tolerável pelo choque, pela dor. Mas o resto não tem explicação. O apedrejamento dos carros. O pedido de compensação financeira.
Agora, o que ninguém daqui fala é que: tinham três pessoas na moto. Provavelmente sem capacete. Na rua não existe sinalização. Não existe fiscalização. As autoridades não falam em sinalizar a via. Em recolher veículos ilegais. A contra-mão é onde você e os outros motoristas, que estão lá, acham que é. Se estão estacionados (quando não param no meio da rua) e vão sair, foda-se quem vem atrás, a preferência é deste que estava estacionado. Ou você desvia, ou para ou então bate.
Não existe fiscalização de nada. Os táxis são todos velhos (por fora enganam muito bem) e muitos não tem habilitação e nem condições de circular. Os biz (ou seria bis?) (ônibus de viagem) carregam gente no teto, atrás, dependurado, etc. Acontece acidente e morre muitos de uma vez. Tem uns caminhões também que transportam gente. A poucas semanas um desses desceu uma ribanceira. Parece que morreu mais de 7. O resto conseguiu pular antes da merda maior. As mikrolet's sempre com gente despendurada. As motos caindo aos pedaços ou tunadas: sem farol, sem retrovisor e com pneu tão fino quanto de uma bicicleta. Segundo eles o retrovisor é muito feito.
Não estou defendendo o malae, até porque, até agora, foi ele quem causou o acidente.
Biz na estrada |
Na estrada |
Na estrada |
Na estrada |
Na estrada |
Vou parar por aqui pois outras histórias (ou seriam estórias?), ainda mais escabrosas, que já ouvi não merecem divulgação.
Se eu não encontrava bom senso e civilidade no Brasil não vai ser aqui que vou achar.
Eu me seguro muito para não falar das mazelas daqui pois, como qualquer lugar do mundo, elas existem. Outras mais absurdas, outras menos absurdas. Temos que levar em consideração também que é um país muito novo, com democracia recente, que foram bastantes oprimidos e tal. Que falta infra-estrutura geral e que eles tem sua cultura particular. Mas me incomoda, igual me incomodava no Brasil, a falta de civilidade.
Pronto, desabafo feito bora tocar a vida pois a maioria deles são legais e respeitosos, pelo menos os que eu convivo.
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